Neste texto fazemos uma elaboração preliminar sobre o processo de apropriação dos sentidos por trás da afirmação do direito à cidade entre grupos e organizações populares que se mobilizam e lutam pelo acesso à moradia digna na capital paulista. Buscamos apresentar o direito à cidade da perspectiva daqueles que mais sofrem no dia-a-dia os efeitos do não-reconhecimento ou da não-efetivação desse direito, aqueles que precisam antes de mais nada lutar para serem reconhecidos como portadores de direitos. São pessoas que vivem em “moradias” precárias, na maioria das vezes em regiões muito distantes do centro da cidade: moradores de barracos, cortiços, favelas, encostas de morros, ocupações de imóveis ociosos. Essas pessoas têm formulado suas situações como indignas, a partir da percepção de que estão tendo seu direito à cidade desrespeitado. Ao reivindica-lo, lançam mão de um repertório variado de ações, das quais a mais visível é a ocupação de imóveis ociosos no centro da cidade.